
ACÓNITO


[3] Munnecom, T.H.C, van Kraaij, D.J.W., van Westreenen (2011) Case report: Arrhythmia à deux: A poisonous salad for two. Internation Journal of Cardiology 152: 37-39.
[4] Singhuber, J., Zhu, M., Prinz, S., Kopp, B. (2009) Aconitum in Traditional Chinese Medicine—A valuable drug or an unpredictable risk?. Journal of Ethnopharmacology 126: 18-30.
[5] http://www.inchem.org/documents/pims/plant/aconitum.htm - consultado a 08/05/2016.
[6] Nyirimigabo, E., Xu, Y., Li, Y., Wang, Y., Agyemang, K., Zhang, Y. (2015) A review on phytochemistry, pharmacology and toxicology studies of Aconitum. J Pharm Pharmacol. 67: 1-19.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
As espécies de Aconitum são ricas em alcalóides e flavonóides. Para além destes, existem em menor quantidade, polissacarídeos e ácidos gordos livres [1].
Em maior abundância, predomina o ácido linoleico seguido do ácido palmítico e por fim, do ácido oleico [6]. Também foi relatada a presença de β-sitosterol, um esteróide, em várias espécies de acónito [4].
Um polissacarídeo solúvel em água, FPS-1, foi isolado a partir da raiz de A. carmichaeli Debx. Quatro frações de FPS-1 também já foram isoladas a partir de tubérculos de A. kusnezoffii Reichb [6].
Classe de compostos fenólicos de baixo peso molecular, amplamente distribuídos no reino Plantae. Estão principalmente envolvidos na proteção contra a radiação solar ultravioleta (responsável pelo desenvolvimento de espécies reativas de oxigénio), prevenindo a peroxidação lipídica [6].
Os flavonoides mais comuns identificados são : quercetina 7-O-(6-transcafeoil)-β glucopiranosil-(1→3)-α-ramnopiranosido-3-O-β-glucopiranosido, kaempferol 7-O-(6-trans-cafeoil)-β-glucopiranosil-(1→3)-α-ramnopiranosido-3-O-β-glucopiranosido e kaempferol 7-O-(6-trans-p-coumaroil)-β-glucopiranosil-(1→3)-α-ramnopiranosido-3-O-β-glucopiranosido, ambos com β-3,4-dihidroxifenetilo β-glucopiranosido [6].
Atualmente, são encontrados, nas raízes de várias espécies de Aconitum, três grandes grupos de alcalóides: os MDAs (monoester diterpene alkaloids ou alcalóides diterpénicos monoesterificados), os DDAs (diester diterpene alkaloids ou alcalóides diterpénicos diesterificados) e os lipoalcalóides. Em comum, todos eles possuem um esqueleto norditerpénico com 19 carbonos, sendo que a posição C8 é ocupada por um grupo hidroxilo no caso dos MDAs, um grupo acetoxi nos DDAs, e um grupo acilo nos lipoalcalóides [4].
Quando degradados, os alcalóides DDA originam monoésteres que podem ser divididos em dois tipos: monoésteres do tipo hidrolizado ou do tipo pirolisado, sendo que nestes últimos há a formação de uma ligação dupla C-C entre o C8 e o C15 [4].
De todos os alcalóides, a aconitina é o constituinte mais investigado de todas as espécies de Aconitum. Consiste num alcalóide diterpénico altamento tóxico, relatado frequentemente por causar arritmias ventriculares. Desta maneira, foi utilizado inicialmente, para induzir arritmias em modelos de animais e no desenvolvimento de fármacos antiarrítmicos [6].
ALCALÓIDES
FLAVONOIDES
POLISSACARÍDEOS
ÁCIDOS GORDOS
LIVRES

Figura 1 - Estrutura química da aconitina.
Aconitum L. é um vasto género de plantas com flor pertencente à família Ranunculaceae [3],[4]. A maioria destas espécies crescem naturalmente em elevadas altitudes no hemisfério norte [4]. Aconitum napellus, a planta mais popular deste género, tem apresentado grande relevância a nível toxicológico e, possivelmente, a nível terapêutico [4]. As suas raízes são frequentemente utilizadas na Medicina Chinesa e Japonesa para o tratamento de numerosos problemas de saúde, como por exemplo dores musculares [4]. No entanto, todas as partes da planta, em especial as raízes, contêm alcaloides terpénicos na sua composição química, como a aconitina, que parecem provocar cardiotoxicidade e neurotoxicidade para o Homem [4].
O mecanismo de toxicidade está relacionado com a ativação dos canais de sódio dependentes de voltagem pelos alcaloides terpénicos, que provoca alterações nas membranas excitáveis do tecido muscular, cardíaco e neural [5], resultando num aparecimento súbito de vários sintomas a nível gastrointestinal, neurológico e cardíaco, que não tratado, pode evoluir para choque, coma ou morte [4].
Embora o risco de intoxicação por acónito ainda permaneça elevado, principalmente em países como China, Índia e Japão, registos de intoxicação na Europa são raros, ocorrendo normalmente associados a contacto ou ingestão acidental da planta ou intoxicação propositada em tentativas de homicídio ou suicídio [4].